O Liceu Acadêmico São Paulo (LASP) foi uma daquelas experiências de vida que mais tarde, percebemos o quanto foi importante (tanto que estou escrevendo sobre, passados mais de 40 anos). Entrei no famoso LASP em 1966, na antiga quarta série ginasial, transferido de um colégio católico.<br><br>O LASP, além de ter muito mais alunos, tinha… Alunas! Alunas, o que era um colírio para os olhos e para os meus devaneios juvenis e de toda a cambada que ficava "bicando" as meninas nos intervalos e saídas das aulas.<br><br>Após um período de adaptação, passei a gostar muito do clima e dos amigos, tanto que bombei de cara o primeiro científico em 1967, porque namoradas e Beatles tomavam muito o meu tempo.<br><br>Transferido para à noite, encontrei colegas do outro colégio que também passaram a estudar no LASP: o Durval Pancera, o Walter Tomazzi, o Jaime Soler Niubò e meu irmão Dirceu, além de outros camaradas "do pedaço", como o Zé Arduim, o Mário Ferro e o Wagner. Das muitas colegas lembro da Tânia, Maria Isabel, Ivete, Heloísa e da Maria Tereza, por quem tive uma paixão fulminante em pleno 1968, o ano que mudou o mundo.<br><br>Não poderia deixar de falar dos professores, muito bons em sua maioria, mas com um leque ideológico que ia da esquerda moderada à extrema direita.<br><br>Depois do LASP, após o cursinho, fiz arquitetura e urbanismo em São José dos Campos (a famosa FAUJoca), juntamente com o Durval. Aí outro universo se abriu e seguramente foi um tempo maravilhoso da minha vida, excluindo a barra pesada da ditadura militar, que tanto fez e acabou fechando aquela faculdade por nos tomar como um bando de "subversivos". Mas foi ali que encontrei um grande amor.<br><br>Voltei a São Paulo, fui morar em Pinheiros e passaram-se décadas quando, numa ida ao Brás para reunir material para meu doutorado na FAUUSP, entrei na Rua Oriente e dei de cara com o LASP, já em processo de decadência.<br><br>Fui à portaria e pedi para rever o colégio. Passeei pela minha história e de tantos outros, olhando pela última vez as classes vazias, os laboratórios com alguns computadores velhos, o pátio, a quadra, as escadas. Ouvi o eco das vozes que compuseram aquele cenário numa época generosa da vida de todos nós.<br><br>Relutantemente fui embora, mas não esqueço essa impressão do apagar das luzes. Logo depois, o velho Liceu foi demolido parcialmente e no local foi construído um centro comercial de confecções.<br><br>Num filme italiano, ao final surge a legenda "finne", mas não posso deixar de manifestar todo o sentimento de carinho por aqueles tempos e pessoas.<br><br>E-mail: [email protected]