Amigos

O texto do poeta Vinícius de Morais falando sobre "amigo” retrata a importância daqueles com quem convivemos e foram para nós verdadeiros companheiros nas lutas, nos relacionamentos, nos amores e principalmente nas nossas confidências, colocado muito bem por ele a diferença entre a amizade e o amor.

Qual de nós em nossa adolescência se lembra do nome da namorada daquela época? Pode até ser, mas… (credo, até parece que fui um Dom Juan). Agora dos amigos posso afirmar que sim, inclusive até do sobrenome da maioria deles.

Quando iniciei a minha participação em um site de relacionamentos, fiquei contente quando encontrei comunidades do Tatuapé (onde vivi a minha juventude) pensando logo: aqui é o caminho para encontrar algum amigo daquela época, em razão de já estar há mais de doze anos morando no interior de Sampa. Fui logo me identificando e dando os nomes dos companheiros com quem convivi, tentando, quem sabe, encontrar pelo menos um deles. A primeira notícia não foi nada animadora, ou melhor, péssima, pois logo descobri que o principal amigo já tinha falecido. Ele foi aquele irmão pronto para qualquer situação ou aventura, e como disse o poeta fiquei meio torto com a notícia. Quanta saudade.

Na minha ida a São Paulo, recentemente, dei um pulo no bairro do Tatuapé e perambulei pelas ruas onde vivi, começando pela Rua Tuiuti, onde foi a nossa primeira casa. Lá tive o primeiro amigo que foi o José Roberto, onde passava a maioria das tardes em sua casa após a escola. Foi a primeira pessoa que teve televisão, onde assistíamos à Sessão Zás-Trás com desenhos daquela época.

Na Rua Maria Eugenia morei com os padres na Igreja Cristo Rei (foram pais, irmãos e principalmente amigos, onde tive muita ajuda para formação da minha vida espiritual e do meu caráter), onde fui coroinha e sacristão, pertencendo também a Congregação Mariana.

Na Rua Teixeira de Melo, onde hoje é o Senac, era o Campo do Urca, lembrando-me do Viola, amigo com quem assistíamos aos jogos do Tupi Clube, da Rua Henrique Sertório. Na Biblioteca Pública da Celso Garcia, lá tinha a Dona Terezinha, que se tornou uma "amigona" de toda a turma da época. Na Rua Felipe Camarão, nossa segunda casa, onde morei até casar, eu posso dizer que lá eu "fui moleque", e os amigos foram tantos que ainda tenho na lembrança o nome de cada um deles. Com essa turma nós empinávamos papagaio, jogávamos pião, andávamos de perna de pau, jogávamos bola quebrando vidraças na Rua Potiguares, soltávamos balões no mês de junho (festas juninas), tocávamos campainha nas casas e saíamos correndo, nadávamos na lagoa do Salada ou então ficávamos no bar do Sr. Ivo (português) assistindo nas tardes de sábado ao Telecatch. A Vila Pereira, travessa da Felipe, onde morou o Franklin (amigo até hoje de uma comunidade) e do Tomé (que era gago). Enfim, acredito que teria muitas histórias para contar sobre os "Amigos", palavra essa que soa doce dentro de cada um de nós, principalmente em mim.

Vinícius de Moraes diz:

“A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!”.

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