Ajuda inesperada

Escrevo meus versos e textos ouvindo sua orquestra tocar e, entre uma rima e outra, com a pausa para vê-lo regê-la.
Hoje, apenas um "pedaço" dela… Como você bem esclareceu: "a falta de alguns músicos é proposital, para mostrar que, se o espaço do evento não for tão grande, pode-se enviar apenas parte da orquestra" (atualmente conhecida como banda, se não me engano?).
Então, lembrei-me de fato ocorrido há alguns anos… Estava eu, certa vez, indo buscar meus filhos (crianças, à época), no Colégio Miguel de Cervantes. Naquela tarde, como de praxe, dirigia pela Rua Alvarenga por volta das 15h30 e atravessava a Rodovia Raposo Tavares quando… Pow, crash! Um carro velho e caindo aos pedaços furou o farol (olha só a loucura: furou o farol da Raposo Tavares com a Alvarenga!!) e foi direto no alvo mais fácil que havia à frente: meu carro, lindo, novo, perfumado, prata; um dos primeiros "Monza" a circular pela cidade… Perdida entre o som estridente das buzinas e a confusão gerada e sem saber onde encontrar um telefone, uma sensação de impotência começou a querer tomar conta de mim. Saí do carro, mas entrei em seguida, pois chovia bem fininho e eu, sempre vaidosa, não queria molhar os cabelos longos e tão bonitos!
Preocupada com os meus filhos, levantava os olhos para o relógio do carro quando notei, à minha esquerda, um homem de porte elegante, alto, bonito que, esboçando um sorriso solidário, oferecia-me seus préstimos convidando-me a usar o telefone de seu escritório, logo adiante no outro lado da rua. Com um gesto afirmativo agradeci e ele – não sem antes pedir com um sinal de mãos um guarda-chuva a um funcionário, que segurou-me o braço de modo delicado, mas com firmeza, convidando-me a atravessar aquela confluência perigosa…
Uma vez já nas dependências de seu escritório, ofereceu-me água, um cafezinho, o telefone e seu testemunho em meu favor numa possível celeuma judicial.
Solucionados todos os problemas iminentes e tomadas as providências necessárias, despedi-me dele e fui ao encontro dos guardas que já haviam chegado para "dar prosseguimento ao boletim de ocorrência"… Enfim, acabei por passar da condição de vítima para a de acusada: quando fui buscar a cópia do boletim de ocorrência, li – perplexa – o que lá constava:
"A proprietária do Monza de chapa tal, ao ultrapassar o farol vermelho, abalroara o veículo de chapa tal etc…".
O motorista da lata velha que colidira comigo já havia "ganho" o$ policiai$ antes mesmo de eu retornar ao local do acidente… Cau$a perdida.
De todo modo, nunca mais esqueci a gentileza daquele homem bonito e gentil que, literalmente, estendeu-me a mão para me ajudar naquela tarde chuvosa…
E até hoje, após tantos anos, não há uma só vez em que, ao passar pelo cruzamento da Rua Alvarenga com a Rodovia Raposo Tavares, eu não volva a cabeça para o lado esquerdo e, com um sorriso, deixe de dizer baixinho:
"Obrigada, Ed Costa"…

***Esclarecimento para os mais jovens: Ed Costa é um dos grandes "Band Leaders" da nossa cidade e, portanto, do Brasil. Mundialmente conhecido, Ed Costa, mais do que um regente, é marca registrada por seu brilho e competência.

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