Já viajei de bonde do Jabaquara até a Praça João Mendes e li a propaganda do Xarope Rhum Creosotado "Veja ilustre passageiro…". Já fui até o Braz (isso mesmo, com z) para saber da loja Eletro Rádio Braz e também fiz isso para conhecer a Pirani, da São João, Clipper, perto da Praça Marechal Deodoro e da Sângia, em Pinheiros, por causa dos irmãos comediantes Ema e seu irmão Valter D'Ávila que eram patrocinados por essa loja e, claro, o Mappin, bem no centro, na Praça Ramos.
Já colecionei as revistinhas InTerValo, da editora Abril. Já comprei a revista Realidade, na banca da Praça João Mendes. Já assisti ao breve jornal na televisão chamado Mappin Movietone. E fui à inauguração do Yaohan, em Pinheiros. Meu tio me pediu para ir comprar batata no mercado de Pinheiros e no largo daquele bairro tinha o pregão e a cotação daquele tubérculo. Já andei de ônibus de Santana a Jabaquara da CMTC. Já comi bauru no Ponto Chic, antes de me mudar para a Praça Marechal e até provei churrasco grego da Avenida São João, defronte ao Largo Paissandu.
Já comi no restaurante giratório desse mesmo largo onde os bancos giravam em torno do balcão. Já assisti strep-tease no Teatro Santana, que ficava na Rua do Boticário, e tive curiosidade de entrar no Taxi Girl, na Avenida Danças. Já me deliciei com um sanduíche enorme em uma dessas lanchonetes da galeria do centro e que era novidade: chamado X-Tudo. Já comi sanduíche de calabresa no cantinho perto da Praça Patriarca, na Rua São Bento. E já matei a fome comendo no Salada Paulista, ao lado do Cine Ipiranga, que servia salada de batata, maionese e salsicha. Já tomei chope maracanã na Padaria Airosa, da Avenida São João. Já experimentei pizza brotinho na padaria Santa Tereza, da Praça João Mendes e subi no segundo andar para assistir a partida de sinuca. Já fui tomar chope no Bar do Léo, que ficava na Rua Aurora.
Já assisti ao filme, no Cine Santa Helena, e, ao lado, ainda existia o Cine Mundi na Praça da Sé e me admirei com as pinturas, pois era um antigo teatro. Já vi a implosão do edifício Mendes Caldeira, para dar lugar à Estação Sé do Metrô, onde no subsolo havia um restaurante chamado Gouveia que servia um bom Arroz de Braga. Já ouvi o jornal da Rádio Bandeirantes, com Vicente Leporace e o seu programa “O Trabuco”. Já fui ao Parque Shanghai e andei de montanha russa que ficava no Parque Dom Pedro. Já tomei guaraná em uma das lanchonetes às margens do lago do Ibirapuera. Já tive um professor de sobrenome Chammas que lecionava no Colégio Brasílio Machado, na Vila Mariana.
Já joguei Pachinko, onde caíam bolinhas de aço na Rua Galvão Bueno e assisti ao filme japonês no Cine Niterói, que havia nesta mesma rua. Já fui ao Cine Espacial que era redondo e tinha três telas e aproveitei para ir ao Cine Comodoro, em tela cinerama. Já fui ao Cine Piratininga, onde cabiam cinco mil pessoas, na Celso Garcia. Já curti o Cine Marrocos com a sua antessala Pullman. Já vi lambari no riozinho que hoje é a Avenida Bandeirantes. Já viajei de ônibus para o interior quando a rodoviária era perto da Estação Júlio Prestes. Já passeei no Parque da Luz quando não era cercado por grades e pedi para o Lambe-Lambe tirar uma foto. Já fui feliz em Sampa e não sabia e hoje sinto saudade de tantas outras coisas que se foram com o passado.
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