A velocidade do som

Anos 50. O Clube Atlético Ypiranga tinha suas instalações esportivas no fim da Rua Bom Pastor e início da Via Anchieta, até o ano de 1953. O campo onde jogava no campeonato paulista era no fim da Rua Silva Bueno, na esquina da Rua Sorocabanos ou da Rua Tabor.

Nas instalações esportivas havia um lago formado por um riacho que separava, através do "brejão", o Moinho Velho e a rival Vila Nair.

Quando o clube foi despejado daquele local, após a demolição do castelinho do Samaronne, muitas modificações foram feitas, e no lugar do eucaliptal ao lado do Moinho Velho um arruamento se fazia,facilitando a passagem entre o "Ponto Fabrica" e a Vila Nair, onde eu morava.

Do outro lado, outro arruamento. Mas o lago ainda continuava dividindo a área… Hoje a Avenida Tancredo Neves.

Um dia, voltando do Ponto Fábrica, comecei a ouvir o som de pancadas. E ao prestar atenção, notei do outro lado do lago, alguém batendo um machado, no tronco de uma árvore. Mas o som não era imediato?

Dobrei a atenção, e realmente havia uma discrepância entre o que meus olhos viam, e o que meus ouvidos sentiam (naquele tempo, olhos e ouvidos estavam impecáveis). Fui para a minha casa cismado, sem saber o que realmente aconteceu.

Alguns anos mais tarde, no Ginásio Alexandre de Gusmão, nossa professora de ciências, Angelina, em uma aula qualquer, mencionou:
– “A velocidade do som no ar é de mais ou menos 360m/s. Na água 1400m/s e no ferro 5000 m/s”.

A professora citou ainda um experimento feito na Suíça, onde em uma tubulação vazia, foi possível detectar dois sons de um única origem, a do metal e a do ar.

E eu que nunca foi bom aluno, guardo na memória, os dois eventos: um adolescente em dúvida e uma professora que sabia transmitir e tinha muito a ensinar.

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