O Cambuci é um dos bairros mais antigos da cidade. Com o surgimento da Avenida Dom Pedro I, larga e arborizada, com suas casas mais elegantes e próximas do Museu do Ipiranga, muitos dos imigrantes que prosperaram saíram do Brás e lá se estabeleceram.
A Rua Lima Barreto foi o exemplo dessa transformação. Iniciava-se nas margens do riacho do Ipiranga, tinha a fábrica da Coca-Cola no seu início e depois, gradativamente, ia se transformando. Na esquina da Rua Cora havia uma pizzaria, em seguida a Rua Coronel Frias, um dos garotos, exímio pianista, chamava-se Denis.
Seguia-se a venda do Paulinho, filho do Seu José (armênio), o armazém dos Ricci (palmeirenses absolutos), o Bar do Seu Antonio (português), uma oficina mecânica, um bar onde também nos reuníamos e então a suntuosa Avenida Dom Pedro I (teve até Desfile da Independência em 1972). Nesta rua conviviam italianos, árabes, espanhois, todas as etnias.
Como não esquecer do Paulo "Majnunb" (louco em árabe??), dos irmãos Péres, do Taconi, do Mazzolinha, Celso – aluno do Delfim Neto -, Caio – aluno do FHC -, Lorde Guaxinduva, dos irmãos "Janta", Caio – hoje um famoso homem da propaganda. Eram tantos, sempre juntos.
A grande cena, Trovão com a bandeira do Corinthians gritando: Benê no. 9!!! O título do São Paulo Futebol Clube foi para o espaço com o gol do Benê (quem teria sido Benê??). Seu Alfredo, velho ex-piloto de moto, contando – em italiano – as suas proezas no motociclismo e no bilhar argumentando "o importante é a defesa".
Nós, mais adolescentes, admirávamos os mais velhos. Eu, Thomas, filho do grande médico Dr. Geraldo, Marinho, Luís e meu amigo Samin, com quem mato a saudade até hoje.
Naquele misturar de dialetos calabreses, napolitanos, bareses, árabes, espanhois, nós crescemos.
Onde estarão todos hoje??
e-mail do autor: [email protected]