05 de Abril de 2008. Completo 71 anos, não há como negar que estou "velho". Como escreveu Taiguara: "Deixa o velho em paz, com suas estórias de um tempo bom.". Não gosto dos termos "Terceira Idade" ou "Feliz Idade", eufemismos inúteis, uma negação da idade. As rugas teimam em aparecer, as veias das mãos sobressaem, o pescoço… Ah, o pescoço, como mostra o tempo. Os cabelos já não tenho de longa data. Não digo tudo isso com rancor ou mágoa, aceito minha idade e sinto-me bem com ela. Agora, não há como negar que meus vinte anos foram ótimos. Em 05 de abril de 1955, minha querida Turma da Carneiro estava no Ziaallertall, restaurante alemão na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, defronte ao Cine Monarch, não sei se existem ainda. Eu completava 18 anos então. Neste 05 de abril de 2008, alguns desses amigos me telefonaram e eu fiquei muito contente, é bom não ser esquecido, muito bom ser estimado.
É bom ter lembranças, afinal "recordar é viver". Melhor ainda ter lembranças boas de tempos felizes… Almoçar no Almanara, lanchar na Padaria Santa Tereza, ouvir Dick Farney na boite Cave, madrugar andando pela Avenida São João, num tempo em que isso era possível. Assistir "Os 10 mandamentos" no cine Ipiranga, ver BB no cine Jussara, dançar nos bailes carnavalescos do Clube Arakam, nos salões do Aeroporto de Congonhas, amor de carnaval… Comer pizza na Pizzaria Moraes, assistir "Alo doçura" na TV que engatinhava, tomar leite de cabra direto da fonte, andar de "camarão" ou bonde aberto da CMTC, minha nossa, quanta coisa simples e boa, um livro só não bastaria. Essas são lembranças minhas, multiplique-se por outras tantas mil lembranças de outros tantos milhares de moradores da "Paulicéia desvairada"… Alguém que leu os rascunhos desta crônica me perguntou: qual a sua lembrança inesquecível de São Paulo? Eu pensei, pensei, respondi: Não sei… Quem se atreveria a responder esta questão?
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