A Turma da Carneiro – desabafo!

Estive em Sampa há quinze dias. 260 km de congestionamento na Marginal Tietê, 3 horas perdidas, sentindo o cheiro nauseabundo do finado rio, onde , nos anos 1950, a gente podia sair do Clube Tiete e remar num rio ainda caudaloso e limpo.<br>Dirigimo-nos para a Avenida Liberdade, depois à Rua Vergueiro, paramos na nossa querida Travessa Carneiro, fechamos os olhos e ficamos relembrando tempos que não existem mais… Continuamos nosso caminho, na esquina da Vergueiro com a Rua do Paraíso, um horrível conjunto de prédios modernosos no antigo lugar da fábrica de cervejas Brahma…<br>Ainda bem que, logo ali, na Domingos de Moraes, encontramos aquelas 2 tradicionais casas de doces sírios e esfihas maravilhosas…<br>Mas, e os bondes? Porque não deixaram pelo menos uma linha turística, para conhecimento das novas gerações? Como em Lisboa, uma cidade moderna, onde circulam bondes modernos, mas também bondes antigos nas ladeiras da Alfama. De resto, todas as capitais européias preservam seus bondes e seu passado.<br>Porque isso não ocorre em nossa querida cidade? Quando o Maluf construiu o Minhocão, a Avenida São João ficou quase totalmente degradada; e, também grande parte do Bixiga, onde minha farmácia, na Rua Manoel Dutra, foi desapropriada pra passagem do monstrengo. O que estão fazendo com nossa cidade?<br>Quase 100% das crônicas deste site referem-se aos anos 1940, 1950 e 1960, um delicioso passado, sem dúvida, que nos ajuda a recordar coisas boas. Mas será que não há nada a escrever sobre a São Paulo atual? Ainda existe o Gato que ri, o Leão d'Olido, o Almanara? E os cinemas, Metro, Marabá, Republica, Marrocos etc.?<br>Desculpem o desabafo, mas é a indignação de um paulistano que vê sua cidade sendo impiedosamente degradada pelo tal "progresso".<br><br>e-mail do autor: [email protected]