A primeira conquista – Parte II

Depois daquele beijo "desentupidor de pia", fui para casa enebriada, com o coração palpitando e feliz da vida! Pensava comigo mesma: "estou namorando".

No dia seguinte acordei e já não via a hora de chegar 18h50. Portei-me normalmente em casa, como se nada tivesse acontecido. Depois do almoço fui à escola, pois entrava às 13h50. Havia contado apenas para a minha amiga os acontecimentos do dia anterior.

Tudo corria bem até a última aula, que era de matemática. O professor João entrou na sala, deu algumas explicações sobre o conteúdo do dia. Na continuidade, começou a escrever na lousa alguns exercícios. A sala toda estava atenta ao quadro negro (que era verde) passando para o caderno as questões para resolver. No meio daquele silêncio "matemático", o professor João se pôs a falar de algo que não pertencia à matéria:
– “Gente… Vocês não sabem o que vi ontem! A ‘dona’ Erta, com esta cara de santinha, dando "uns malhos" num rapaz aqui na esquina da escola. E era do noturno, pois estava de avental".

Pronto! Notícias Populares em primeira mão! Manchete em primeira página! Não sei de que cor eu fiquei: rosa, púrpura, roxa… Mas que professor linguarudo! Da sala para o resto da escola era um rastilho de pólvora! Daí não tinha mais como esconder de ninguém! E o professor João não me deu sossego.

Minha sala era a última do corredor e as janelas davam para a rua lateral. Eu sentava na fileira ao lado da janela. Sabendo disso, o "tornado" quando chegava mais cedo, ficava do outro lado da rua olhando para mim e eu, tentando prestar atenção na aula.

Quando a última era de matemática, meu martírio começava: o professor via o rapaz do outro lado da rua e ficava dizendo para eu dar um "tchauzinho", mandar um beijinho, etc. Certo dia ele teve a petulância de avisar o rapaz que faltavam alguns minutos para a gente poder se abraçar, apontando para o seu relógio de pulso!

Hoje eu vejo que tudo aquilo tinha um nome: bullying!

Aguardem o terceiro capítulo!

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