A pressa nossa de cada dia

Nesses tempos, numa cidade como São Paulo, em que o tempo é tão precioso quanto o ar, a água e até o dinheiro, a gente se pergunta o que é realmente necessário para aproveitá-lo de maneira racional e saudável.

Dia desses, na Av. Sapopemba, sempre movimentada, nos deparamos com um motorista que ultrapassava todos os carros por onde não havia espaço e a fila era instransponível. Tirou uma fina do nosso carro, batendo no retrovisor e enfiou-se logo à nossa frente, sendo forçado a parar pelo semáforo vermelho.

Questionado por nós sobre o seu comportamento destemperado, saiu-se com essa:

— Estou atrasado para o trabalho, mas não se preocupe, já olhei o seu carro, não aconteceu nada com ele, só quebrei o meu próprio retrovisor.

Tem lógica? Ele certamente chegou atrasado ao trabalho, só que agora com mais alguns agravantes: nervoso, sem o retrovisor direito e sujeito a ter sido vítima de uma briga de trânsito, que só não aconteceu porque não nos estranhamos com ele.

Cena comum em São Paulo, mas causa indignação quando pensamos que o tempo é precioso sim, mas no momento que colocamos o movimento dos ponteiros do relógio como um fator mais importante que nossa própria vida, não será hora de parar esse tempo, nem que seja por uma fração de segundos e raciocinar antes de agir?

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