A padaria de meu (nosso) tempo

Era o ano de 1952. Chegava a São Paulo, após uma viagem de quase dez horas na carroceria de um caminhão Ford, vindo diretamente de uma cidadezinha do sul de Minas Gerais.

Por decisão de meus pais residiria, a partir de então, na Vila Mariana. Bairro de classe média, servida por uma linha de bonde que saia da Praça João Mendes e com "ponto final" na Praça da Árvore.

Uma parada antes, na esquina das ruas Domingos de Morais e Luiz Goes, ficava a imponente Padaria Amarante.

Já naquela época, os paulistanos adoravam beber café com leite e comer um pão com manteiga. Pois, era aí na Amarante que eu e meus irmãos, a caminho de casa, após oito horas de trabalho e quatro de escola, saltávamos (esse era o termo usado para desembarcar) do bonde e parávamos na Amarante par a o gostoso lanche.

Em 2011, retorno a São Paulo, após ausência de quarenta anos – em razão de trabalho no norte do país, e lá, na mesma esquina da Domingos com a Luiz Goes, encontro a Amarante.

Não podia deixar passar a oportunidade de, em um balcão mais modernizado, pedir um café com leite e um pão com manteiga e lembrar que o tempo passa, mas quando permanecem as boas idéias e os bons serviços, a memória é reavivada e as saudades afloram do peito com expressão de máxima alegria.

E-mail: [email protected]