A mortalha ou O que restou da Casa Bandeirista

Depois de servir à aldeia dos índios da tribo do cacique Caiuby.<br>Depois de ser escolhido como local de observação e defesa, tanto por terra, por estar bem próximo ao então denominado Caminho dos Aliados (a atual Rua Leopoldo Couto de Magalhães Jr.) quanto por água, podendo-se visualizar as curvas do rio Jurubatuba (rio dos Pinheiros), protegendo a região contra os invasores e inimigos dos jesuítas do Sítio dos Pinheiros (1560).<br>Depois de acolher em suas terras os corpos dos índios e infiéis.<br>Depois de servir como posto de descanso para os tropeiros que se dirigiam ao Sítio dos Pinheiros e interior sul do Brasil.<br>Depois de ali ser ali construída uma típica casa paulistana feita em taipa de pilão. <br>Depois de servir como ponto de referência aos viajantes e bandeirantes que navegavam pelo rio dos Pinheiros.<br>Depois de marcar como importante posto de descanso e abastecimento na Estrada da Boiada.<br>Depois de servir como a Casa Sede do Sítio do Itaí (da pedra pequena).<br>Depois de ser ampliada e ali se instalar a Casa Grande da família Couto de Magalhães, de 1896 até 1927.<br>Depois de ser sede do famoso e conceituado Sanatório Bela Vista, abrigando doentes mentais e/ou enfermos das famílias mais abastadas, desde o final da década de 20 até ser vendida ao Grupo Aché, nos idos de 60, que o preservou.<br>Depois de passar de mão em mão de diversos proprietários esses sim especuladores.<br>Depois de ter sido tombado e retombado pelo CONDEPHAAT e pelo DPH/CONPRESP, desde o final da década de 1970.<br>Depois de sofrer ação desrespeitosa, planejadamente devastadora, com a paulatina derrubada da cobertura vegetal original, formada por espécies da Mata Atlântica e outras.<br>Depois de sofrer criminoso destelhamento, a partir do início da década de 80, fazendo com que as suas paredes de taipa de pilão (barro) fossem consumidas pela água da chuva, vento, sol e etc.<br>Depois de perder parte do seu espaço físico, já tombado, para a passagem da nova avenida Brig. Faria Lima.<br>Depois de serem ali instalados 3 enormes estacionamentos para carros, servindo por anos aos interesses dos proprietários especuladores desse enorme terreno, já tombado pelo patrimônio público.<br>Depois de ter como valor venal o preço de 1 mil real/m², mas alcançar no mercado imobiliário a cifra de 16 mil reais por m².<br>Conheçam o estado em que se encontram os restantes dos mais de 19 mil m² originalmente tombados, sendo atualmente composto por uns 13 mil m², porém ainda mantendo-se uma faixa de 2 mil m² no quarteirão inicial da Rua Iguatemi, 09 – final da Rua Joaquim Floriano, essa com belíssima e rica vegetação e resquícios da Casa Bandeirista.<br><br><br>Amigos e colaboradores:<br><br>O GMIB – Grupo Memórias do Itaim Bibi está vigilante, acompanhando o processo que visa obter a autorização para início da construção de 2 enormes espigões comerciais, com frente para a nova Avenida Brigadeiro Faria Lima.<br>O GMIB, como o Centro de Referência das memórias e História do Bairro do Itaim Bibi/SP, lembra a obrigação de ser rigidamente contemplado no que determina o Termo de Ajustamento de Compromisso, firmado pelos atuais proprietários em 2003, obrigando-os a reconstrução total da Casa Bandeirista e a preservação e reposição da cobertura vegetal, ocupando os restantes e demarcados 2 mil m² dessa área tombada e que deve ser preservada e disposta à comunidade Itahyense e paulistana.<br><br>e-mail do autor: [email protected]