No começo dos anos 50, eu morava na Rua dos Pinheiros, em frente à Rua Maria Carolina, bairro de Pinheiros. Era então uma menina-moça, muito atraente diziam.
Aos domingos, costumava ir à missa na Igreja Nossa Senhora do Mont Serrat, localizada no Largo e Pinheiros. Eu me produzia toda, caprichava no penteado, na maquiagem e no batom. As mulheres daquela época somente usavam vestidos, saias, blusas e tailleur. Calças compridas eram proibidas, nenhuma ousava vestir e sair utilizando esse traje.
Os meus vestidos eram confeccionados por minha mãe, que era uma exímia modista. Usava tecidos vaporosos como: naylon, leise e organdí-suisso. Assim vestida, maquiada, perfumada e nos sapatos de saltos altos, caminhava a pé, rumo à Igreja.
No lado direito da Rua Teodoro Sampaio, depois da Rua Cardeal Arcoverde, para quem se dirigia à matriz, localizava-se naquela época inúmeros bares que ficavam lotados de rapazes que, das portas, ficavam nos espreitando, fazendo comentários.
Havia alguns galanteios, mas também críticas. Diziam que íamos naquele horário, somente para nos exibir, mostrar as roupas, etc. Mas não era bem assim! Eu por exemplo, só conseguia acordar mais tarde. Portanto, para mim esse era o motivo. Para eles, machistas radicais, somente quem ia às missas da 6h às 9h é que tinham devoção.
Apesar dessas bobagens, tínhamos muito respeito, assistíamos compenetradas as missas, que eram rezadas em latim. Escutávamos as homilias do Padre Séptímio e ouvíamos os hinos cantados por um formidável coral. Eu não passava despercebida, era conhecida como: "A loirinha da Missa das Onze".
Bem como tudo passa, esse tempo passou, mudei de local, passei a frequentar outra igreja e também não sei que fim levou aquela turma. Com certeza cada um, tomou o rumo da sua vida! Bons tempos! Naquele tempo as ruas ainda não tinham monitoramento de câmeras, que pena!
E-mail: [email protected]