Nos meus doze anos de idade, eu já tinha que fazer uma maratona para estudar. Morava na Mooca, na Rua Marina Crespi e estudava no Brás, na Rua Carlos de Campos, em um ginásio chamado Escola Técnica de Economia Doméstica Carlos de Campos. Tinha que atravessar a pé toda a zona da Santa Rosa e Mercadão Municipal, pois eu entrava às 7h00 da manhã e saía às 13h00. Nesta época, o tal do Fontenelli tinha feito o favor de mudar todos os pontos finais dos ônibus para o Parque Dom Pedro II – por isto esse suplício.
Pegava o ônibus na Rua Orvile Derb, que parecia mais uma lata de sardinhas do que ônibus. Ia pendurada na porta, com o agravante de, em uma curva ou freada, despencar e me estatelar no chão ou então ser atropelada por um outro veículo.
Foi então que o meu anjo apareceu. Ele esperava eu chegar, acolhia meu material em seus braços, me colocava na porta do ônibus de uma forma em que pudesse me proteger, até que eu pudesse entrar e estar mais segura. Não lembro seu nome, mais isto durou alguns anos. Parece-me que ele era da Aeronáutica.
Guardo sua lembrança até hoje e lhe agradeço por ter estado ao meu lado neste tempo de vida, quando uma criança era respeitada e cuidada pelos demais seres humanos.
Só posso dizer que, se existe um anjo, ele o foi neste momento meu. Obrigada!
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