Minha avó materna (que faleceu em 1986 com 92 anos) quando era um pouco mais jovem, mas já na casa dos 60/70, era a andarilha em pessoa. Quando ia com ela a certos lugares, ficava abismada como ela conhecia os atalhos para "cortar" caminho. Eram lugares onde se dava para chegar de ônibus, mas ela fazia isto para economizar na condução.
Nós morávamos na Avenida Assis Ribeiro, em frente à linha do trem. Todas as terças-feiras havia feira livre no ponto final do ônibus Cangaíba, perto da Igreja. Ao invés de subir até a Avenida Cangaíba e pegar um ônibus, pois a distância era de uns 3/4 km, nós íamos a pé. E tudo era subida: entra rua, sai rua, pega uma travessa, pega outra e não sei como (não me perguntem!) saíamos bem ao lado da igreja, já no começo da feira. Era um caminho feito em, aproximadamente, quarenta minutos para ir, e outros tantos para voltar. Ainda bem que eu só ia com ela quando estava de férias na escola! Ufa! Senão não aguentava…
Mesmo já tendo mais de sessenta anos, ela também cuidava de uma senhora já mais velha que ela, que morava no Parque Novo Mundo, perto do Hospital Nipo Brasileiro. Já havia condução que passasse por lá, mas somente tomava uma condução e seguia o resto a pé!
Vou descrever o trajeto: morávamos na Assis Ribeiro. Tomávamos o ônibus e descíamos na Celso Garcia, em frente à biblioteca circulante. Seguíamos por uma rua que ia dar na Philco, por outra então que ia dar numa ponte de madeira por cima do Rio Tietê. Atravessávamos a ponte, atravessávamos o que hoje é a marginal, e pegávamos aquela "subidona" do Parque Novo Mundo, até chegar à casa da senhora em questão, que era na Rua Soldado Basílio Pinto de Almeida. Os médicos dizem que andar faz bem, e acredito que tenha sido isto mesmo que fez com que ela chegasse aos 92 anos!
Meu pai não fica muito atrás não! Hoje ele está com 87 anos. Os 35 anos de trabalho dele na ITA (Indústria de Tapetes Atlântida, na Voluntários da Pátria, em Santana), em boa parte, foram feitos na caminhada. Onde a gente morava, a linha de ônibus ia até a estação da Luz (não havia ainda o metrô). Lá ele descia, voltava a pé pela Avenida Santos Dumont até chegar na Voluntários. O caminho inverso era a pé até a Estação da Luz e depois o ônibus. Quando havia algum problema com a nossa linha de ônibus, ele tomava um ônibus de Guarulhos que viesse pela Dutra, descia perto de onde hoje é o Shopping Internacional e, pelos atalhos, chegava em casa, atravessando a antiga ponte de madeira que havia sobre o Tietê, na divisa de São Paulo e Guarulhos, chegando então a nossa rua.
Gente, só de lembrar tudo isto já estou cansada!! Vou esticar minhas pernas, com licença!
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