Éramos crianças, três irmãos nascidos em Porto Ferreira – SP, e daí a família resolve migrar para a capital de São Paulo. E lá vamos nós, embarcando no trem da Cia. Paulista.
Não me perguntaram se eu queria mudar para a capital… Enfim, também se perguntassem eu não poderia responder.
E vamos viajando até chegarmos à Estação da Luz. Em seguida embarcar no trem subúrbio Santos & Jundiaí, destino Vila Carioca, estação parada Vemag, atual Estação Tamanduateí.
Foram quatro anos se adaptando… Moramos em vários endereços: Rua Campante; Rua Lício de Miranda, em dois endereços, próximo da Rua Álvaro do Vale e próximo da Rua Aída; Rua Colorado; Rua Frei Pedro de Souza. Sempre pagando aluguel, e finalmente em 1953, teríamos a nossa casa, na Rua Albino de Morais, 114.
Vila Carioca, bairro em formação, muitos terrenos baldios. Dias antes de iniciarmos a construção de nossa casa, um Citroen de cor preta foi abandonado entre as ruas Albino de Moraes e Antônio Frederico. O indivíduo que furtou não conhecia a vila e deixou o veículo atolado no brejo. Olha só, isso foi no mês de setembro de 1953.
Boa parte dos terrenos do bairro da Vila Carioca era negociada pela empresa Comercial e Importadora F. Cuocco S. A., com sede na Rua Brigadeiro Tobias, 740, no centro da cidade.
O valor de um terreno com 50×10 (500 metros quadrados) era vendido por Cr.$ 12.000,00 (doze mil cruzeiros). Isso em 120 meses, pagando o selo proporcional no valor de Cr.$ 44,50. Na época, não tinha a correção monetária.
Madeira para construir casas não era problema. Tinha uma empresa importadora de máquinas industriais, com sede na Rua do Grito, entre as ruas Silva Bueno e do Manifesto, madeira essa que servia como “contêineres”, madeira de pinho.
De acordo com a demanda, para construir novas casas de madeira, pessoas compravam e lá vinham os caminhões descarregando em plena rua.
Lembro que certa ocasião, três contêineres foram descarregados. Eu e os meus irmãos, ainda crianças, desmontávamos peça por peça, usando martelo, pé-de-cabra e alavanca. Uma vez desmontada íamos amontoando de acordo com a medida de cada tábua, tudo na calçada.
Meu pai “Dito Carpinteiro” se uniu com o vizinho “Mané Barraqueiro”, e lá vamos nós construirmos casas de madeira.
Água não era problema: abria-se um poço com três metros de fundura. Não lembro o tamanho da cisterna de cimento, sei que tínhamos água até a boca do poço, mas não era de boa qualidade. Recordo que parentes do interior vinham nos visitar e diziam que a água era pesada, e com gosto meio salobra, de mau paladar.
Anos depois, chega ao bairro água encanada, e vamos consultar um encanador para saber o custo do serviço. De acordo com o valor apresentado, meu pai achou caro.
Preferiu comprar as ferramentas e fazer o serviço de encanamento. E, assim foi.
Em razão, disso meu pai acabou aprendendo a profissão de encanador.
Depois, mudamos para o Jardim Botucatu, na Saúde. Muito trabalho de instalar bombas de poço, e também continuamos a fazer o trabalho de madeiramento. Isto, até 1975, quando chegou toda infraestrutura no bairro e adjacências. Digo, chegou água encanada, esgoto e asfalto.