Há meses tenho visto a repetição de uma cena quando passo de carro, pela manhã, na esquina da Itambé com Maria Antonia, local da Universidade Mackenzie. O que parece um acontecimento banal, corriqueiro no dia a dia da metrópole paulistana, atraiu minha atenção.
Lá está ela, fazendo o seu trabalho como outras pessoas que encontro ao longo de meu itinerário. A sua tarefa é difícil? Parece que não; afinal entregar o “Metro Jornal” exige algum esforço físico, sujeita-se a chuva, frio e sol, mas não mata ninguém. Só que a maneira como essa tarefa é desempenhada é diferente.
Ela simplesmente não entrega o jornal apenas por entregar. Um “bom dia” espontâneo acompanhado de um sorriso é sua marca registrada. Se você for rabugento ou estiver distraído vai logo recebendo “uma bronca” porque não pediu seu jornal ou não respondeu ao cumprimento. Porque tratá-la por “senhora” e não por “você”? É mais próximo, menos frio. Os que passam a pé trocam algumas palavras… parece que já são velhos conhecidos.
O sinal fica verde, vai-se uma leva de automóveis, vem outra e ela volta a distribuir o jornal, nunca de forma mecânica, como poderia ser feita essa atividade repetitiva. Ela entrega muito mais em alegria, simpatia e dedicação.
Não sei como se chama. Terá outro trabalho profissional? Não sei mais nada de sua vida. Não é difícil imaginar que tem seus problemas, como todos nós. De uma coisa tenho certeza: o pouco que vejo naquela esquina é a verdadeira face de uma pessoa que deve ser assim em todos os outros relacionamentos de sua vida, sejam profissionais, familiares ou sociais.
Muito obrigado “moça do Metro Jornal” pelo sorriso, simpatia e carinho que ofereces toda manhã para aqueles que compartilham desse breve momento contigo.
Ps: seu nome é Lígia, mas prefere ser chamada pelo apelido de “Bombom”.
São Paulo, 24 de outubro de 2015.