São Paulo, junho de 1996. Está uma noite muito fria e propícia para surpresas.
A quermesse do bairro já começou, muitas barracas montadas na frente da igreja; o palanque baixinho com o som ao vivo rolando; a rua ta tomada tanto de idosos como de crianças e adolescentes; muita gente se divertindo ou com boas conversas ou na azaração. Que clima gostoso, eu com meus amigos esperando a chance de sermos escolhidos pelas belas meninas que, nesse dia, estavam sobrando!
No meio da multidão, acontece uma troca de olhar; ela estava no meio de um exército, composto pela mãe, tia, cunhadas e vizinhas; ia ser difícil me aproximar, mas empurrado ou quase que obrigado pelos amigos, cheguei no meio do batalhão que a cercava e tive que me apresentar. Eu estava morrendo de vergonha depois da quinta pergunta sendo respondida de cara fechada e com poucas palavras; resolvi pedir para me retirar aos gritos de muitas gargalhadas dos meus queridos amigos que não conseguiam nem disfarçar. Não acabou assim; quando eu virei as costas para ir embora, ela mudou sua afeição, pegou na minha mão e disse que era comigo que ela queria ficar.
Que loucura! A menina mais bonita da quermesse de mãos dadas comigo; claro que eu passei com ela na frente dos mesmos que minutos atrás não paravam de zoar.
Foi uma quermesse inesquecível; aquela noite eu ainda a levei para sua casa e a partir daquele dia, começamos a namorar.