Carnaval

Nem confete, nem serpentina, lança-perfume nem pensar; e o Carnaval já está de volta.

O tempo não volta, mas o pensamento me leva de volta ao Brás, nos anos 50, na colorida Celso Garcia (só até a Rua Bresser, que era o meu limite), a andar pela calçada cheia de gente feliz, indo e vindo. Saquinho de confete e serpentina e, se desse, um tubo de Rodo Metálico, ou Colombina, ou uma bisnaga de sangue de diabo (amoníaco, Purgoleite e água), ou, na pior das hipóteses, uma bisnaga com água… limpa e, é claro, usando uma máscara de plástico para proteger os olhos dos eventuais ataques de lança-perfume. Não sei o que era pior: lança-perfume nos olhos, ou usar aquela máscara que era de plástico transparente, azulado, que ficava todo riscado e o pior, a gente transpirava, aquilo embaçava e não se enxergava nada.

No Carnaval, e só no Carnaval, as meninas podiam passar batom. Alguns homens se vestiam de mulher e não usavam máscara e outros se escondiam atrás de uma feita de cartão, presa com um elástico fininho que arrebentava fácil, fácil, ou então a máscara rasgava por causa do suor.

Sem confete, ou serpentina; a lança sumiu; a máscara já não é de papelão que desmilingue, mas de material resistente para, quem quiser, usar o ano todo. Não precisa mais proteger os olhos, eles já aprenderam a se defender da poluição. A Celso Garcia ainda está lá, só que agora é preto e branco e não há como reconhecê-la e, muito menos, esquecê-la.

E o Carnaval, onde é que ficou?

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