Lembro-me como se fosse hoje de todo o roteiro que era vivido pelos meninos do meu tempo, em todas as semanas santas que aconteceram na minha querida Freguesia do Ó, entre 1946 e 1953, anos em que participei ativamente das atividades religiosas de minha amada Paróquia de Nossa Senhora do Ó, antes de ingressar no Seminário em 1954. Roteiro esse que teve seu inicio em 325 D.C.
O Concílio de Niceia, presidido pelo Imperador Constantino e organizado pelo Papa Silvestre I, fabricou e consolidou a doutrina da Igreja Católica, como a escolha dos livros sagrados e as datas religiosas. Ficou decidido também que a Semana Santa seria comemorada por uma semana (do domingo de ramos ao domingo de Páscoa). Há relatos de festas em homenagem aos últimos dias de Cristo, pouco tempo depois de sua morte. Porém comemoravam dois dias apenas (sábado de aleluia e domingo da ressurreição). Nesse Concílio também foi adotado o catolicismo como religião oficial do Império Romano.
Cada dia da comemoração faz referência a um acontecimento: o domingo de ramos refere-se à entrada do Rei, o Messias, na cidade de Jerusalém, para comemorar a Páscoa judaica. Na segunda-feira seguinte foi o dia em que Maria ungiu Cristo; na terça-feira foi o dia em que a figueira foi amaldiçoada; a quarta-feira é conhecida como o dia das trevas; a quinta-feira foi a última ceia com seus apóstolos. A sexta-feira foi o dia do seu sofrimento, sua crucificação. Sábado é conhecido como o dia da oração e do jejum, onde os cristãos choram pela morte de Jesus. E, finalmente, o domingo de Páscoa, o dia em que ressuscitou e encheu a humanidade de esperança de vida eterna.
Segue o roteiro completo das comemorações dia a dia de toda a Semana Santa.
Domingo de Ramos
O domingo de ramos abre solenemente a Semana Santa, com a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.
Jesus é recebido em Jerusalém como um rei, mas os mesmos que o receberam com festa o condenaram à morte. Jesus é recebido com ramos de palmeiras. Nesse dia, são comuns procissões em que os fiéis levam consigo ramos de oliveira ou palmeira, o que originou o nome da celebração. Segundo os evangelhos, Jesus foi para Jerusalém para celebrar a Páscoa judaica com os discípulos e entrou na cidade como um rei, mas sentado em um jumentinho - o símbolo da humildade - e foi aclamado pela população como o Messias, o rei de Israel. A multidão o aclamava: "Hosana ao Filho de Davi!" Isto aconteceu alguns dias antes da sua paixão, morte e ressurreição, celebra então a Ressurreição de Jesus Cristo.
Segunda-feira Santa
É o segundo dia que vem depois de domingo de ramos onde se recorda a prisão de Jesus Cristo.
Terça-feira Santa
É o terceiro dia da Semana Santa, onde são celebradas as sete dores de Nossa Senhora Virgem Maria. É muito comum também por ser o dia de penitência no qual os cristãos cumprem promessas de vários tipos ou o dia da memória do encontro de Jesus e Maria no caminho do calvário.
Quarta-feira Santa
É o quarto dia da Semana Santa. Em algumas igrejas celebra-se neste dia a piedosa procissão do encontro de Nosso Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores. Ainda há igrejas que neste dia celebram o Oficio das Trevas, lembrando que o mundo já está em trevas devido à proximidade da morte de Jesus.
Quinta-feira da Ceia
É o quinto dia da Semana Santa e, na manhã deste dia, nas catedrais das dioceses, o bispo se reúne com o seu clero para celebrar a Celebração da Crisma, na qual são abençoados os óleos que serão usados na administração dos sacramentos do Batismo, Crisma e Unção dos enfermos. Com essa celebração se encerra o tempo da Quaresma.
Neste mesmo dia, à noite, são relembrados os três gestos de Jesus durante a Última Ceia, a instituição da Eucaristia, o exemplo do lava-pés, com a instituição de um novo mandamento (ou "ordenança") e a instituição do sacerdócio. É neste momento que Judas Iscariotes sai para entregar Jesus por trinta moedas de prata. E é nesta noite em que Jesus é preso, interrogado e, no amanhecer da sexta-feira, açoitado e condenado.
A igreja fica em vigília ao Santíssimo, relembrando os sofrimentos de Jesus, que tiveram início nesta noite. A igreja já se reveste de luto e tristeza, desnudando os altares (quando são retirados todos os enfeites, toalhas, flores e velas), tudo para simbolizar que Jesus já está preso e consciente do que vai acontecer. Também se cobrem todas as imagens existentes no templo. Sendo que essa tradição, depois do Vaticano II vem aos poucos sendo abolida até pelo fato de que com a sua renovação a maioria dos templos católicos já não ostentam muitas imagens de santos em seus altares.
Sexta-feira Santa ou Sexta-feira da Paixão
É quando a Igreja recorda a morte de Jesus. É celebrada a solene ação litúrgica, paixão e a adoração da cruz. A recordação da morte de Jesus consiste em quatro momentos: A liturgia da palavra, oração universal, adoração da cruz e rito da comunhão. Presidida por presbítero ou bispo, os paramentos para a celebração são de cor vermelha.
Sábado Santo ou Sábado de Aleluia
É o dia da espera. Os cristãos junto ao sepulcro de Jesus aguardam sua ressurreição. No final deste dia é celebrada a Solene Vigília Pascal, a mãe de todas as vigílias, que se inicia com a Benção do Fogo Novo e também do Círio Pascal; proclama-se a Páscoa através do canto do Exulte e faz-se a leitura de oito passagens da Bíblia (4 leituras e 4 salmos), percorrendo-se toda história da salvação, desde Adão até o relato dos primeiros cristãos. Entoa-se o Glória e o Aleluia que foram omitidos durante todo o período quaresmal. Há também o batismo daqueles adultos que se prepararam durante toda a quaresma. A celebração se encerra com a Liturgia Eucarística, o ápice de todas as missas.
Domingo de Páscoa
É o dia mais importante para a fé cristã, pois Jesus vence a morte para mostrar o valor da vida. Esse dia é estendido por mais cinquenta dias até o Domingo de Pentecostes, que acontece no mês de maio, e que é conhecido como Tempo Pascal no calendário litúrgico da igreja católica.
Por ser o dia mais importante para a fé de todos os Cristãos, é que eu desejo a todos os colaboradores desse querido site SPMC uma Páscoa cheia de felicidades, com muita paz, alegrias conjugais, saúde, e a minha vontade enorme de continuar por muitos e muitos anos ainda a participar desses momentos deliciosos vividos aqui, nessa troca gostosas de partes de nossas vidas. Que possamos ter vida plena e que essa vida seja uma eterna Páscoa como também um eterno renascer. Feliz Páscoa a todos.
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