Leia as Histórias
São Paulo, capital, 3h30 da madrugada.
Sentado no sofá, olhando para a TV sem ver nada, enxergando somente o que meus pensamentos distantes mostram, com os olhos irritados pelo sono, escuto o vento fazer barulho ao passar pelas folhas da palmeira do lado de fora e em frente meu companheiro de trabalho Coronel Marcelo está vendo um vídeo do Sivuca, chamado Feira de Mangaio, no seu celular provido de internet, me vem então uma lembrança que eu decido compartilhar com ele.
-"Sabe", disse.
-"Quando meu filho tinha 4 anos, eu trabalhava nas Indústrias Villlares em São Caetano, era próximo ao natal e nas imediações da rodoviária local havia uma loja de brinquedos. Decidi naquele mesmo dia comprar vários brinquedos: arco e flecha; capa, máscara e espada de plástico; caminhão de areia puxado por barbante; bola; jogo de boliche, trenzinho com música; prancha de bodyboard e outros que não me lembro mais. Só sei que eu tinha recebido o pagamento e achei que o departamento financeiro (esposa) não iria criar muitos problemas, embora tenha exagerado.”
“Algumas semanas depois, na praia, entrando no mar com a água nos meus joelhos e na altura da barriga dele, ele reclamava que havia ganhado do avô um dinheirinho e que a mãe havia pagado o pedágio com esse dinheiro e ele queria de volta. A fim de encerrar a discussão, concordava dizendo que iria devolver.”
“Enquanto entravamos no mar, porém pensava: - eu já gastei muito em brinquedos e não vou devolver nada, quando na nossa frente passou uma nota flutuando na água cinzenta revolta pela correnteza, subiu, desceu e se perdeu no fundo. Enfiei a mão na água como em um reflexo, sem ver para onde ela tinha ido e consegui pegá-la. Dei imediatamente a ele dizendo: - Tó, não devo mais nada! Começamos a rir e pular de alegria. Um minuto antes ou depois, um metro a mais para a direita, para a esquerda, para frente ou para trás e isso não teria ocorrido."
Já com seu celular no sofá e me olhando atentamente, o coronel Marcelo me diz:
-"Aconteceu uma coisa semelhante comigo. Eu estava indo de Pernambuco para Sergipe de carro com minha filha pequena e ela estava reclamando, dizendo que eu havia prometido lhe dar uma boneca Bolhinhas de Sabão e ainda não tinha dado. Era uma espécie de boneca na qual você colocava água com sabão, apertava a barriga e ela soltava bolinhas de sabão pela boca.”
“Quando passa por nós na estrada, no final da tarde, um caminhão carregado em alta velocidade. Mais à frente deixa cair da carroceria uma pacote. Eu pisquei o farol diversas vezes, mas o caminhão não parou então decidi ver o que era. Parei no acostamento, peguei o pacote e a surpresa: não era uma, mas duas caixas com a boneca Bolinha de Sabão. Ela ficou com uma e demos de presente a outra, foi muita a alegria dentro do carro e até hoje não esquecemos isso..."
Então a chuva começa a bater na janela do lado de fora. O coronel Marcelo é chamado para resolver um problema enquanto meu turno acaba e eu vou descansar um pouco...
newtonsismotto@hotmail.com
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A vida é para ser vivida e refletida. Adorei seu relato, com ele você nos mostra o quanto é importante prestar atenção na vida.
Escreva mais para enriquecer nosso conhecimento.
Abraço.
MC Enviado por mary clair peron - clairperon@hotmail.com